"Eu estava mendigando de porta em porta no caminho da aldeia, quando a Tua carruagem de ouro apareceu ao longe, como um sonho deslumbrante. E eu fiquei me perguntando, extasiado, quem seria esse Rei dos reis.
As minhas esperanças voaram alto, e eu pensei que os meus dias infelizes tinham chegado ao fim. E fiquei sentado, esperando esmolas dadas sem serem pedidas, e um tesouro derramado pelo chão, em todo o lugar.
A carruagem parou onde eu estava sentado. O Teu olhar pousou sobre mim e desceste sorrindo. Senti que a felicidade da minha vida por fim havia chegado. Então, inesperadamente, estendeste a mão direita e perguntaste: " Que tens tu para Me dar?"
Ah, mas que gesto régio foi esse o de abrir a Tua mão para pedir esmola a um mendigo? Fiquei confuso e parei indeciso. Então, bem devagar, tirei do meu alforje um grão de trigo, o menor de todos, e o entreguei a Ti. Contudo, qual não foi a minha surpresa quando, no final do dia, esvaziei o meu alforje no chão, e encontrei um grão de ouro entre as pobres migalhas que restavam! Chorei amargamente, lamentando não ter tido a coragem de entregar-me todo a Ti."
Tagore
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