sexta-feira, 6 de abril de 2012

O papel, a nuvem e o interser - El papel, la nube y el ínter-son - The paper, the cloud and interbeing


“Se você for poeta, verá nitidamente uma nuvem passeando nesta folha de papel. Sem a nuvem, não há chuva. Sem a chuva, as árvores não crescem. Sem as árvores, não se pode produzir este papel. A nuvem é essencial para a existência do papel. Se a nuvem não está aqui, a folha de papel também não está. Portanto, podemos dizer que a nuvem e o papel “intersão”. Interser é uma palavra que ainda não se encontra no dicionário, mas se combinarmos o radical inter com o verbo ser, teremos um novo verbo: interser. Se examinarmos esta folha com maior profundidade, poderemos ver nela o sol. Sem o sol, não há floresta. Na verdade, sem o sol não há vida. Sabemos, assim, que o sol também está nesta folha de papel. O papel e o sol intersão.
Se prosseguirmos em nosso exame, veremos o lenhador que cortou a árvore e a levou à fábrica para ser transformada em papel. E vemos o trigo. Sabemos que o lenhador não pode existir sem seu pão de cada dia. Portanto o trigo que se transforma em pão também está nesta folha de papel. O pai e a mãe do lenhador também estão aqui.
Quando olhamos desta forma, vemos que, sem todas estas coisas, esta folha de papel não teria condições de existir. Ao olharmos ainda mais fundo, vemos também a nós mesmos nesta folha de papel. Isso não é difícil porque, quando observamos algum objeto, ele faz parte de nossa percepção. Sua mente está aqui, assim como a minha. É possível, portanto, afirmar que tudo está aqui nesta folha de papel. Não conseguimos indicar uma coisa que não esteja nela- o tempo, o espaço, o sol, a nuvem, o rio, o calor. Tudo coexiste nesta folha de papel.
É por isso que para mim a palavra interser deveria ser dicionarizada. Ser é interser. Não podemos simplesmente ser sozinhos e isolados. Temos de interser com tudo o mais. Esta folha de papel é, porque tudo o mais é. Imagine que tentemos devolver um dos elementos à sua origem. Imagine tentarmos devolver a luz do sol ao sol. Você acha que a folha de papel ainda seria possível? Não, sem o sol, nada pode existir. Se devolvermos o lenhador a sua mãe, tampouco teremos a folha de papel. O fato é que esta folha de papel é composta apenas de elementos não papel. Se devolvermos estes elementos a suas origens, não haverá papel algum. Sem estes elementos não papel, como a mente, o lenhador, o sol e assim por diante, não haverá papel. Por mais fina que esta folha seja, tudo o que há no universo está nela.”

"Si eres un poeta, verás claramente una nube flotando en esta hoja de papel. Sin una nube, no habrá lluvia; sin lluvia, los árboles no pueden crecer; y sin árboles no podemos hacer papel. La nube es esencial para que exista el papel. Si la nube no esta aquí, tampoco puede estar la hoja de papel. Así, podemos decir que la nube y el papel ínter-son.  'Inter-ser' es una palabra que aún no está en el diccionario, pero si combinamos el prefijo 'inter' con el verbo 'ser', tenemos un nuevo verbo, ínter-ser.
Si miramos aún más profundo en esta hoja de papel, podemos ver el Sol en ella. Sin Sol, el bosque no puede crecer. De hecho, nada puede crecer sin el Sol. Así, sabemos que el Sol también está en esta hoja de papel.  El papel y el Sol ínter-son. Y si continuamos mirando, podemos ver el leñador que cortó el árbol y lo llevó al molino para transformarlo en papel.  Y vemos trigo.  Sabemos que el leñador no puede existir sin su pan diario, por lo tanto el trigo que se convierte en su pan también está en esta hoja de papel. También están en ella la madre y el padre del leñador. Cuando miramos de esta manera, vemos que sin todas estas cosas, esta hoja de papel no puede existir.
Mirando aún más profundamente, también podemos vernos a nosotros mismos en esta hoja de papel. No es difícil de ver, porque cuando miramos una hoja de papel, ésta forma parte de nuestra percepción. Tu mente está aquí y la mía también. Podemos ver que todo está aquí, en esta hoja de papel. No podemos señalar ninguna cosa que no esté aquí, el tiempo, el espacio, la tierra, la lluvia, los minerales del suelo, el Sol, la nube, el río, el calor. Todo co-existe con este papel. Por eso pienso que se debería incluir la palabra ínter-ser en el diccionario. Ser es ínter-ser, no podemos simplemente ser por nosotros mismos. Tenemos que ínter-ser con cada una de las demás cosas. Está hoja de papel es porque todo lo demás es.
Supongamos que tratamos de devolver uno de los elementos a su fuente. Supongamos que devolvemos los rayos de Sol al Sol. ¿Piensas que está hoja de papel sería posible? No, sin el Sol nada puede ser. Y si devolvemos el leñador a su madre, entonces tampoco tenemos hoja de papel. El hecho es que esta hoja de papel está confeccionada básicamente de elementos de 'no papel'.  Y si devolvemos esos elementos de no-papel a su origen, entonces no habrá papel. Sin elementos de no-papel, como la mente, el leñador, el Sol, etc. no habrá papel. Una hoja de papel tan fina, y contiene todo lo que hay en el Universo.”

"If you are a poet, you will see clearly that there is a cloud floating in this sheet of paper. Without a cloud, there will be no rain; without rain, the trees cannot grow; and without trees, we cannot make paper. The cloud is essential for the paper to exist. If the cloud is not here, the sheet of paper cannot be here either. So we can say that the cloud and the paper inter-are. “Interbeing” is a word that is not in the dictionary yet, but if we combine the prefix “inter-” with the verb “to be,” we ha vea new verb, inter-be. Without a cloud and the sheet of paper inter-are.
If we look into this sheet of paper even more deeply, we can see the sunshine in it. If the sunshine is not there, the forest cannot grow. In fact, nothing can grow. Even we cannot grow without sunshine. And so, we know that the sunshine is also in this sheet of paper. The paper and the sunshine inter-are. And if we continue to look, we can see the logger who cut the tree and brought it to the mill to be transformed into paper. And wesee the wheat. We now the logger cannot exist without his daily bread, and therefore the wheat that became his bread is also in this sheet of paper. And the logger’s father and mother are in it too. When we look in this way, we see that without all of these things, this sheet of paper cannot exist.
Looking even more deeply, we can see we are in it too. This is not difficult to see, because when we look at a sheet of paper, the sheet of paper is part of our perception. Your mind is in here and mine is also. So we can say that everything is in here with this sheet of paper. You cannot point out one thing that is not here-time, space, the earth, the rain, the minerals in the soil, the sunshine, the cloud, the river, the heat. Everything co-exists with this sheet of paper. That is why I think the word inter-be should be in the dictionary. “To be” is to inter-be. You cannot just be by yourself alone. You have to inter-be with every other thing. This sheet of paper is, because everything else is.
Suppose we try to return one of the elements to its source. Suppose we return the sunshine to the sun. Do you think that this sheet of paper will be possible? No, without sunshine nothing can be. And if we return the logger to his mother, then we have no sheet of paper either. The fact is that this sheet of paper is made up only of “non-paper elements.” And if we return these non-paper elements to their sources, then there can be no paper at all. Without “non-paper elements,” like mind, logger, sunshine and so on, there will be no paper. As thin as this sheet of paper is, it contains everything in the universe in it."
  
Thich Nhat Hanh 

 

 

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